sábado, 20 de julho de 2013

AS MULHERES NEGRAS DEVEM FALAR














"Como a poeta e ensaísta Adrienne Rich definiu, 
'o que faz com que cada nova geração de feministas pareça
uma anormal excrescência perdida no tempo é o cancelamento 
do passado histórico e político das mulheres'." 

Susan Faludi, em Backlash - O contra-ataque na guerra não declarada contra as mulheres, pg. 65.




Ou o feminismo será interseccional ou não será, é o que diz a voz assertiva  da transfeminista interseccional Hailey, uma das muitas mulheres que encontraram nas plataformas de blogs um canal de difusão para denunciar, refletir e debater as opressões às quais a sociedade sexista e racista tenta cotidianamente submeter a mulher. Opressões que podem ser operacionalizadas, inclusive, em discursos de inspiração emancipatória que não se atentem às especificidades, necessidades e vulnerabilidades à que estão suscetíveis as diversas identidades, aprisionando na generalidade diferenças, que são socialmente revestidas de juízos de valor, que as transformam em motivação para disparidades.

Falar, neste caso, ou nestes diversos casos, de sua própria trajetória ou da trajetória afetiva, pessoal ou coletiva, projetar o próprio discurso na troca da interlocução é contribuir para as distorções ideologicamente direcionadas que distanciam a realidade cotidiana dos enunciados e bandeiras de nossas lutas. Como na tradição da transmissão oral das culturas negras, falar é uma ação ativa de empoderamento, de dotar de saberes e reflexões o ouvinte, enquanto reelabora em si o próprio conhecimento.

É uma projeção política que costura laços e continuidades na história, quando rememora e constitui memória e fazendo frente ao apagamento do passado histórico e político, feminino e negro. A fala da mulher negra respira cotidianidade, contexto, proximidade, localizando a dimensão política da vida em sociedade ao alcance de nossos pés, mãos e fazeres.

As mulheres negras devem falar porque suas falas ambivalem desconstrução (do discurso opressivo) e construção (de lutas emancipatórias), porque revelam às gerações fatos e reflexões que a história oficial omitiu e distorceu, pintando mulher e homem negro com matizes que não nos pertecem e que implantam a estranheza em relação ao nossos desejos legítimos e históricos de liberdade.

Portanto, nesse 25 de julho, mulheres negras PODEM E DEVEM FALAR!

Neste intuito, o NEPGREG endossa a iniciativa da I Blogagem Coletiva pelo dia 25 de julho, em Homenagem a Creuza de Oliveira chamada pelo Blogueiras Negras:

"O que é ser uma mulher negra pra você? O que temos para falar de nós, no nosso dia, da nossa vida, da nossa experiência, da nossa luta?
Pretas desse Brasil, uni-vos! Todas estão convidadas a responder isso participando da BLOGAGEM COLETIVA DO DIA MULHER AFRO-LATINO-AMERICANA E CARIBENHA, no dia 25 de julho!"

Não tem blog? Envie notas ou textos de até duas laudas para nepgreg.gerencial@gmail.com que, de acordo com a coerência com a chamada e a temática publicaremos sua voz.



Saudações!


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